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domingo, 29 de julho de 2012

Seleção Feminina de Futebol: Muito o que melhorar

O Brasil venceu a segunda partida seguida e conquistou a classificação antecipada para as quartas-de-finais. Mas nem tudo são flores.

Brasil precisa melhorar se quiser voltar com o ouro inédito (Foto: Glyn Kirk/AFP)

Jogando abaixo do seu pontencial, a atuação das meninas do futebol geram preocupação em torcida e crítica. Equipes mais fortes ainda virão pela frente, e o nível de futebol apresentado atualmente simplesmente não será o bastante. 


Em sequência à parceria feita com Eduardo Pontes, especialista em futebol feminino, segue abaixo análise do mesmo, após a partida Brasil 1 x 0 Noza Zelândia.

 

"Duas vitórias e a classificação, mas precisamos melhorar muito.


Apesar da classificação e das duas vitórias, a primeira por 5 x 0 diante de Camarões e a segunda por 1 x 0 diante da Nova Zelândia, muito ainda precisa ser melhorado.

Até agora o grande destaque do Brasil atende pelo apelido de Formiga! A jogadora com maior desempenho nas partidas disputadas. Excelente marcação, movimentação, ajudando muito na defesa, no meio e ainda chegando até o ataque.

Cristiane também está muito bem, chamando o jogo, chutando a gol e se movimentando bem. Sua entrada deu outra cara ao ataque do Brasil. A lateral esquerda pode melhorar e a Ester precisa parar de errar tantos passes.

No mais a Seleção Brasileira não apresenta um futebol vistoso e ainda depende muito dos lampejos de Marta. Está faltando alguém que faça a ligação no meio, assim como falta tranquilidade e qualidade no toque de bola das nossas meninas.

Jogamos na base do chutão e geralmente temos um buraco no meio campo. Jogadoras “mordendo” na marcação, mas mordendo da forma errada. Às vezes vemos três ou quatro jogadoras fechando em cima de uma adversária e não conseguem roubar a bola, que acaba sendo tocada pela equipe adversária e resta às jogadoras brasileiras correr ainda mais para marcar a adversária que recebeu a bola. 
Marta pode brilhar mais nestes Jogos Olímpicos (Foto: François Lenoir/Reuters)
A pressão funciona em alguns casos, mas deve ser feita com inteligência e sempre ter uma jogadora na sobra pra tentar fazer a interceptação do passe e sair no contra-ataque.

Estamos correndo demais e sem necessidade, mas é um preço a pagar pela falta de organização da equipe em campo. Organização essa que não vemos desde os amistosos, e a Seleção apresenta exatamente o mesmo “padrão” de jogo.

Temos um elenco de qualidade, porém precisamos de mais aproximação, trabalhar a posse de bola, criar espaços e fazer passes precisos. Arriscar mais nas bolas de fora da área pode ser interessante, pois apesar de ter boas finalizadoras criamos o costume de querer fazer a tabela, invadir a área adversária e marcar de dentro da pequena área.

Apesar de nossa qualidade, precisamos jogar com mais inteligência e organização, pois se enfrentarmos uma seleção de mais toque de bola passaremos por dificuldades.

Outro aspecto é a tranquilidade que nos falta. Precipitamos o passe, queremos jogar correndo o tempo todo e quem corre é a bola e ainda não mostramos que sabemos disso, e cabe ao técnico perceber todos estes pontos que estão muito claros para todos que acompanham os jogos e passar essa tranquilidade e organizar melhor a sua equipe.

O ouro é possível? Sim, mas precisamos melhorar bastante para alcançar este objetivo.

Não é cornetar. É analisar de forma sensata as nossas atuações! Todos os ligados ao futebol feminino estão na torcida pela tão sonhada medalha e principalmente por mais respeito, investimento e planejamento para o futebol feminino por parte da CBF, independente da cor da medalha. Já passou da hora!"
Eduardo Pontes

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