O Brasil venceu a segunda partida seguida e conquistou a classificação antecipada para as quartas-de-finais. Mas nem tudo são flores.
Brasil precisa melhorar se quiser voltar com o ouro inédito (Foto: Glyn Kirk/AFP) |
Jogando abaixo do seu pontencial, a atuação das meninas do futebol geram preocupação em torcida e crítica. Equipes mais fortes ainda virão pela frente, e o nível de futebol apresentado atualmente simplesmente não será o bastante.
Em sequência à parceria feita com Eduardo Pontes, especialista em futebol feminino, segue abaixo análise do mesmo, após a partida Brasil 1 x 0 Noza Zelândia.
"Duas vitórias e a classificação, mas precisamos melhorar muito.
Apesar da classificação e das
duas vitórias, a primeira por 5 x 0 diante de Camarões e a segunda por 1 x 0
diante da Nova Zelândia, muito ainda precisa ser melhorado.
Até agora o grande destaque do
Brasil atende pelo apelido de Formiga! A jogadora com maior desempenho nas
partidas disputadas. Excelente marcação, movimentação, ajudando muito na defesa,
no meio e ainda chegando até o ataque.
Cristiane também está muito bem,
chamando o jogo, chutando a gol e se movimentando bem. Sua entrada deu outra
cara ao ataque do Brasil. A lateral esquerda pode melhorar e a Ester precisa
parar de errar tantos passes.
No mais a Seleção Brasileira não
apresenta um futebol vistoso e ainda depende muito dos lampejos de Marta. Está
faltando alguém que faça a ligação no meio, assim como falta tranquilidade e
qualidade no toque de bola das nossas meninas.
Jogamos na base do chutão e
geralmente temos um buraco no meio campo. Jogadoras “mordendo” na marcação, mas
mordendo da forma errada. Às vezes vemos três ou quatro jogadoras fechando em
cima de uma adversária e não conseguem roubar a bola, que acaba sendo tocada
pela equipe adversária e resta às jogadoras brasileiras correr ainda mais para marcar
a adversária que recebeu a bola.
Marta pode brilhar mais nestes Jogos Olímpicos (Foto: François Lenoir/Reuters) |
A pressão funciona em alguns casos, mas deve
ser feita com inteligência e sempre ter uma jogadora na sobra pra tentar fazer
a interceptação do passe e sair no contra-ataque.
Estamos correndo demais e sem
necessidade, mas é um preço a pagar pela falta de organização da equipe em
campo. Organização essa que não vemos desde os amistosos, e a Seleção apresenta
exatamente o mesmo “padrão” de jogo.
Temos um elenco de qualidade,
porém precisamos de mais aproximação, trabalhar a posse de bola, criar espaços
e fazer passes precisos. Arriscar mais nas bolas de fora da área pode ser
interessante, pois apesar de ter boas finalizadoras criamos o costume de querer
fazer a tabela, invadir a área adversária e marcar de dentro da pequena área.
Apesar de nossa qualidade,
precisamos jogar com mais inteligência e organização, pois se enfrentarmos uma
seleção de mais toque de bola passaremos por dificuldades.
Outro aspecto é a tranquilidade
que nos falta. Precipitamos o passe, queremos jogar correndo o tempo todo e
quem corre é a bola e ainda não mostramos que sabemos disso, e cabe ao técnico
perceber todos estes pontos que estão muito claros para todos que acompanham os
jogos e passar essa tranquilidade e organizar melhor a sua equipe.
O ouro é possível? Sim, mas precisamos melhorar bastante para alcançar este objetivo.
Não é cornetar. É analisar de forma sensata as nossas atuações! Todos os
ligados ao futebol feminino estão na torcida pela tão sonhada medalha e
principalmente por mais respeito, investimento e planejamento para o
futebol feminino por parte da CBF, independente da cor da medalha. Já
passou da hora!"
Eduardo Pontes
Nenhum comentário:
Postar um comentário